Nas primeiras horas da manhã desta quarta-feira, 26, a Polícia Civil do Tocantins (PC-TO), por meio da 30ª Delegacia de Wanderlândia, deflagrou uma operação no sentido de dar cumprimento a dois mandados de busca e apreensão em endereços de pessoas ligadas a um grupo que disputa uma área de terra na zona rural da cidade.
A operação denominada Terra Tombada também teve por finalidade reunir elementos para subsidiar as investigações no sentido de coibir conflitos agrários que estariam ocorrendo na região e seriam fomentados pela disputa de uma fazenda de aproximadamente 400 alqueires na qual cerca de 50 famílias de posseiros estão instaladas.
“Recentemente, chegou à cidade de Wanderlândia um grupo de indivíduos do Paraná se dizendo representante de uma empresa que teria arrendado a fazenda e começou a ameaçar os posseiros que já estavam no local com a utilização de armas de fogo, colocando câmeras nas proximidades das residências, intimidando e fazendo propostas de compras de lotes daqueles que quisessem deixar as terras, acordos esses que nunca eram cumpridos”, explicou o delegado Márcio Lopes da Silva, titular da 30ª DP e responsável pela operação.
Ainda conforme o delegado Márcio, as ações de ameaça e intimidação do grupo recém-chegado do Paraná tomaram proporções maiores, o que motivou os posseiros, que já habitam a área disputada, a formalizaram, por meio de uma associação, registros de vários Boletins de Ocorrência denunciando as ameaças e pedindo providências a Polícia Civil.
Tendo por base os diversos relatos de episódios de violência, foi instaurado inquérito policial e identificados vários indivíduos que estavam na fazenda e que vivem em barracos, mas que estão construindo uma casa, sendo que um deles, apontado como o chefe do grupo, também fixou residência no centro de Wanderlândia. Com base nas investigações, o delegado representou, junto ao Poder Judiciário pela expedição de dois mandados de busca e apreensão a serem cumpridos nesta quarta-feira em locais apontados como redutos do grupo.
Buscas e prisão
De posse da ordem judicial, por volta das 5 horas de hoje, dezenas de policiais civis da 30ª Delegacia de Wanderlândia, com apoio de policiais da 3ª Divisão de Combate ao Crime Organizado (3ª DEIC) de Araguaína, da 2ª Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (2ª DHPP) de Araguaína e do Grupo de Operações Táticas Especiais (GOTE), Unidade Tática da PC-TO, foram até o local da invasão, onde encontram dez homens vivendo em um barraco rústico.
Eles alegaram que estavam a serviço de um advogado ainda não identificado. Na ocasião, os policiais civis apreenderam três aparelhos celulares, dois rádios amadores e diversos documentos, dentre eles contratos de arrendamento que serão analisados, o que auxiliará na investigação.
Buscas foram realizadas no barraco que servia de abrigo para os investigados - Foto: Jodacy Filho
Ao mesmo tempo em que era deflagrada a ação na zona rural, outra equipe de policiais civis da 30ª DP deu cumprimento ao segundo mandado de prisão na residência do homem considerado o líder dos invasores, no centro de Wanderlândia. Lá foram apreendidos documentos relacionados a prestação de contas do grupo, tais como notas fiscais, recibos além de um aparelho celular.
No decorrer das buscas, os policiais civis também localizaram um mandado de prisão civil em desfavor de um dos indivíduos que estava na fazenda, o qual foi conduzido até a sede da 30ª para a adoção das providências legais cabíveis.
Saldo positivo
Na avaliação do delegado Márcio Lopes, a operação foi exitosa, pois embora não tenha sido possível efetuar a apreensão de armas de fogo que possivelmente o grupo estaria de posse, foram colhidos elementos de informações que vão possibilitar um aprofundamento das investigações.
“A operação Terra Tombada foi de importância essencial no sentido de prevenir e amenizar conflitos agrários, uma vez que estamos localizados em uma região de grande abrangência geográfica, sendo alguns locais de difícil acesso e que facilitam a infiltração de pessoas que se intitulam donos de terras, mas que na verdade, em muitos do casos, têm a intenção de se apossar de grandes áreas recorrendo a expedientes criminosos”, disse o delegado.
Prisão anterior
O delegado Márcio Lopes ressalta que no dia 27 de dezembro de 2022 três dos principais investigados na operação Terra Tombada foram presos pela Polícia Militar de posse de cinco armas de fogo. “Naquela oportunidade, os indivíduos foram conduzidos para a sede da 30ª Delegacia, mas pagaram fiança e obtiveram o direito de responder ao processo em liberdade”, contou.
Reportagem: Sara Cardoso/Governo do Tocantins